Pesquisa constata que gêneros musicais contribuem para ampliar ou reduzir a aceitação dos alimentos
O senso comum aceita sem maiores dificuldades a ideia de que a
música tem a capacidade de acalmar ou excitar as pessoas. Não por outra
razão, os casais costumam escolher canções de amor e não rock pesado
para embalar um jantar romântico. O que pouca gente ainda concebe é que a
música também pode influenciar nas respostas dos consumidores frente a
produtos alimentícios. Pesquisa desenvolvida para a dissertação de
mestrado de David Wesley Silva, defendida na Faculdade de Engenharia de
Alimentos (FEA) da Unicamp, constatou que músicas romântica e clássica
podem contribuir para ampliar o grau de aceitação de um alimento,
enquanto o rock e o chorinho podem exercer efeito contrário. O trabalho, inédito na FEA, foi orientado pela professora Helena Maria André Bolini.
estudo desenvolvido por Silva, que é graduado em Música [Composição]
pela Universidade de São Paulo (USP), foi dividido em duas partes. Na
primeira, ele superou um desafio tecnológico que consistiu no
desenvolvimento de um minibolo com características especiais. O
pesquisador extraiu da receita
tradicional a farinha de trigo, o açúcar, o ovo e o leite, de modo que o
alimento pudesse ser consumido por celíacos, diabéticos e vegetarianos,
além de pessoas preocupadas em manter uma dieta
mais saudável. No lugar desses ingredientes, ele adicionou milho,
biomassa (polpa de banana verde), edulcorantes (adoçantes: sucralose e
estévia), amêndoa e coco.
AUDIÇÕES
Após
superar o desafio tecnológico, o autor da dissertação partiu, então,
para investigar a eventual influência da música sobre a preferência dos
provadores. Como dito anteriormente, ele optou por submeter esses
degustadores à audição de quatro diferentes gêneros instrumentais (rock,
chorinho, música clássica e música romântica). Os participantes dos
testes sensoriais também consumiram os minibolos em ausência de música.
Segundo Silva, os estilos rock e chorinho provocaram notas de menor
aceitação em determinados atributos dos alimentos por parte dos
provadores, e esse impacto variou entre as 6 formulações do minibolo.
“No caso do chorinho, nossa hipótese é de que ele exerce esse tipo de
influência por ser agitado e ao mesmo tempo nostálgico. No caso do rock,
há também a questão da agitação. Em comum, os dois gêneros apresentam
padrões rítmicos enfatizados sobre os outros elementos musicais
[melodia, harmonia, etc], o que pode desviar a atenção do provador.
Relacionamos também estudos que apontam para uma atuação fisiológica no
sistema nervoso, o que pode influenciar a resposta sensorial.”, arrisca o
autor da dissertação.
Fonte: http://www.unicamp.br/unicamp/ju/567/os-ritmos-do-paladar
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