29 setembro 2013

Estimulantes no contexto do controle de dopagem no esporte



Durante os anos 70, os estimulantes do tipo anfetamina foram as principais drogas utilizadas para aumentar o desempenho no esporte. Esse fato pode ser explicado pelo uso de anfetaminas por soldados durante Segunda Guerra Mundial, com o objetivo de aumentar o estado de alerta e seu desempenho. Os estimulantes foram proibidos logo a partir do estabelecimento da comissão médica do COI.

Mecanismo de ação e uso clínico

Esti
mulantes são fármacos que agem no sistema nervoso central,
promovendo um aumento no estado de alerta e diminuição da sensação de fadiga.
São muito utilizados por atletas no dia da competição, na tentativa de melhorar
seu desempenho. Ademais, podem ser usados também durante a fase de
preparação, a fim de permitir sessões mais longas de treinamento.
Os estimulantes são monitorados exclusivamente dentro de competições,
ou seja, em função de sua atuação mais limitada, sua análise precisa ser feita no tempo em que o atleta está competindo. São exemplos dessa classe de substâncias as aminas simpatomiméticas (anfetaminas, efedrinas e pseudoefedrinas) e a cocaína.

Abuso de estimulantes

Dentre os efeitos colaterais do uso de estimulantes, destacam-se o aumento
da pressão arterial, dores de cabeça, arritmia, ansiedade, tremores, possibilidade de
adicção (vício, como com as anfetaminas e cocaína), convulsão, hipertermia e
falência renal.


Estratégia do exame antidopagem

A urina como matriz de escolha
A urina é considerada o melhor material para o diagnóstico do abuso de drogas no esporte em função da facilidade de coleta, da garantia de evitar a adulteração e por se tratar de uma via de eliminação de todos os fármacos. Ela contém moléculas representativas de todas as substâncias presentes no
organismo, sejam elas endógenas ou exógenas.

A urina é um fluido biológico que pode sofrer mudanças na sua composição desde a coleta até o momento de análise, o que possibilita interpretações errôneas sobre o estado do indivíduo. Um fator determinante da velocidade dessas alterações é a temperatura de armazenamento, que pode favorecer as alterações químicas e microbiológicas, acelerando o crescimento bacteriano.

Nos exames antidopagem, as substâncias proibidas pela Agência Mundial Antidopagem são analisadas a partir da urina. Em geral, são avaliadas somente de forma qualitativa, ou seja, se estão presentes ou não nas condições definidas. A deteção do abuso de esteroides endógenos e de compostos para os quais já foram definidas concentrações limite mínimas (concentrações de corte ou threshold) exigem métodos quantitativos de análise. A maioria dos métodos de análise ébaseada na cromatografia acoplada à espectrometria de massas. Normalmente, busca-se analisar a droga de dopagem, ou droga mãe, podendo ser analisados um ou dois metabólitos, dependendo das características da transformação da droga no organismo. No caso dos esteroides, o Limite Mínimo de  Desempenho Requerido (LMDR, “MRPL”, “Minimum Required  Performance Limit” AMA 2004) pode chegar até 2 ng/mL.A análise das substâncias banidas pela AMA é dividida em duas categorias, a análise por triagem e a de confirmação.

O objetivo da triagem é apontar amostras suspeitas para análise posterior. Um método de triagem ideal deve ser simples, rápido, seletivo, sensível e gastar o menor volume possível de urina. Em função do grande número de substâncias banidas, métodos de triagem multi-resíduos, ou seja,  métodos capazes de detetar várias drogas ao mesmo tempo, são desenvolvidos com o objetivo de englobar todas as substâncias em um menor número possível de triagens. Todas as amostras suspeitas encontradas são confirmadas a partir da reanálise da urina, usando uma nova fração da mesma, por um método altamente específico e sensível.

Durante o processo de análise, amostras controle são usadas contendo propositadamente a substância de dopagem que se quer analisar para fins  de comparação, bem como amostras de urinas sem contaminação.
 Todas as amostras (amostra suspeita e controles) devem ser preparadas ao mesmo momento.
Os critérios de identificação são regulamentados pela AMA através de documentos técnicos, a fim de harmonizar os procedimentos entre os trinta e cinco laboratórios de controle de dopagem acreditados no mundo atualmente, gerando resultados defensáveis.

Dopagem? Estou fora...


FOnte: Abq